Período de Origens

A Carta de Pero Vaz de Caminha


Características da carta

A Carta de Caminha é o relato mais rico e confiável da primeira semana após o Descobrimento do Brasil. É um diário atípico, ou uma crônica de viagem, revestida das características estilísticas da literatura de viagem do Quinhentismo:

- A linguagem clássica, simplificada pela necessidade de tratamento objetivo da matéria;

- Clareza;

- Simplicidade;

- Realismo nas observações;

- Crítica equilibrada e, dentro do espírito humanista, uma constante curiosidade e uma persistente capacidade de maravilhar-se.


O que é mais cobrado no vestibular

O estudo da carta de Pero Vaz de Caminha é de grande importância devido à sua grande presença em importantes vestibulares, como o ENEM, por exemplo, seja na forma de comparação entre obras, seja no seu conteúdo em particular.


Objetivos da Carta

O texto de Pero Vaz de Caminha tem a preocupação básica de informar, procurando transmitir o máximo possível de dados a respeito do que ocorria e do que o escrivão via, ouvia e sentia.O fato de ser um texto informativo alia-se a outras importantes dimensões do documento, pois se insere no esforço conjunto dos europeus, concretizado nos textos de viagem da época (especialmente nos escritos por integrantes das expedições), no sentido de construir alteridades, à medida mesmo que os navegantes entravam em contato com diversas terras e povos - alguns, como os índios e o futuro Brasil, totalmente desconhecidos deles -, com os quais seria preciso conviver dali em diante e, para conseguir dominar, sobretudo conhecer.


Consequências da carta

Reunindo o que viu às categorias que construiu, Caminha completou o ciclo: propôs ao rei, no final de seu texto, caminhos concretos para o aproveitamento do território e de seus habitantes, a saber: o desenvolvimento da agricultura e a cristianização dos índios.O escrivão viu o diferente, apreendeu-o segundo a sua própria mentalidade e, porque fez isso, foi capaz de dar o terceiro passo: sugerir ao monarca os caminhos do futuro, que eram os caminhos da desigualdade entre visitantes e habitantes, os caminhos da dominação portuguesa.

Os acontecimentos descritos na carta - o tempo presente da chegada à terra - podiam incluir - como efetivamente incluíram - congraçamentos e danças coletivas entre navegadores portugueses e índios, além de atitudes legítimas de curiosidade, espanto e tolerância, profundamente humanas, por parte do escrivão ou de outros tripulantes, frente à terra bela e à sua gente agreste.

A Carta de Pero Vaz de Caminha marca, também, o início de uma longa tradição, o ufanismo ou nativismo, que consiste na exaltação (geralmente exagerada) das virtudes da terra e da gente, e que se irá desdobrar em todos os períodos subsequentes.


Um pouco sobre Pero Vaz de Caminha

Supõe-se que seu nascimento tenha ocorrido em 1450. Seria natural do Porto, onde teria se criado e passado a maior parte da vida.Filho de Vasco Fernandes Caminha, fidalgo e escrivão ligado aos empreendimentos ultramarinos, , que o orientou a seguir a mesma profissão que a sua. A partir da análise da "Carta do Achamento do Brasil" os estudiosos presumem que Pero Vaz tivesse uma formação cultural sólida, de acordo com os padrões da época.

Possivelmente, Caminha também participou da guerra contra Castela, promovida pelo rei Afonso 5o em 1476. O soberano luso visava anexar aquele reino a Portugal. Foi, porém, derrotado pelas tropas castelhanas na batalha de Toro, naquele mesmo ano.De qualquer modo, devido à participação nos combates, Caminha foi nomeado Mestre da Balança da Casa da Moeda, um cargo equivalente ao de escrivão e tesoureiro.

Segundo outras fontes, teria herdado esse posto, uma vez que era comum a transmissão de cargos de pai para filho naquela época.Caminha também foi eleito vereador em sua cidade, em 1497, com a missão de redigir os capítulos da Câmara do Porto, uma espécie de constituição local a ser apresentada à Corte, em Lisboa.Foi casado e pai de uma filha, Isabel de Caminha, que se uniu a Jorge Osório, homem violento que acabou condenado ao exílio na África pela prática de assalto a mão armada.

É por ele que o escrivão intercede, ao final da célebre Carta, pedindo ao rei que lhe mande o genro de volta a Portugal.Nada mais se sabe sobre Pero Vaz de Caminha até sua nomeação para o cargo de escrivão da armada de Cabral, aos cinquenta anos. Mas não há dúvida de que o cargo revela prestígio e confiança junto à Corte portuguesa.Caminha exerceu a função durante a viagem, mas devia depois fixar-se na Índia, como escrivão da feitoria portuguesa em Calecute. Diante da hostilidade dos habitantes de Calecute à sua frota, Cabral reagiu com grande violência. Invadiu a cidade e massacrou sua população.

Os indianos enfrentaram os portugueses, matando vários deles, entre os quais, o escrivão Pero Vaz de Caminha, que morreu em combate, em dezembro de 1500.


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